Relato de Parto - Cesariana

Oi Lindonas,
Me sinto a vontade para falar um pouco da minha vida pessoal também aqui no blog. Estou cansada desse sistema que ronda as cesáreas marcadas e infelizmente fui vítima desse sistema.

Eu engravidei aos 19 anos, foi um susto quando descobri, mas depois fiquei muito empolgada. Contava os dias para as consultas para escutar o coraçãozinho, ver ele na Ultra. Na primeira ultra o médico já disse que era um menino, aguardei ansiosa pelo meu Miguel. Descobri que tinha placenta prévia e nessa já foi um balde de água fria da médica. Muitas mulheres que são incapazes de fazer um esforço por um filho ajudavam falando que era para eu ter cesárea que era muito mais fácil. Claro, só deitar e deixar que te cortem né? Para mim, os médicos deveriam aconselhar cesariana somente em casos de necessidade, para salvar vidas.

Quando estava com 35 semanas comecei a ter contrações irregulares e tive que fazer repouso porque não podia nascer antes de 37 semanas. Com 37 semanas já fiquei mais tranquila, fazia menos repouso e tinha dia que as contrações vinham o dia todo (irregulares e sem muita dor). Achei que um dia ia, tive uns alarmes falsos, mas nada de dilatação. Com 39 semanas fui em uma consulta e minha médica quis marcar a cesariana. O pai do meu filho que era totalmente contra e não me apoiava em nada concordou com ela. Aceitei , mas só dali há 2 dias e rezei para entrar em trabalho de parto (mas não rolou). Se tivesse tido mais apoio, esperaria o Miguel escolher a hora que devia nascer e não uma médica cesarista.

No dia 16 de novembro de 2011, às 9hrs fomos para o Hospital, resolvi toda burocracia e fomos para o quarto por volta das 10hrs. Esperei a médica e a equipe até umas 11hrs ou mais. Ela chegou, veio pegar o dinheiro dela (sabe como é marca cesarianas para o mesmo dia e o lucro é grande. Depois ainda dá tempo de jantar em casa) e fui para a cirurgia desnecessária.

Na sala de cirurgia tudo foi bem frio, com aquele cheiro de álcool, luzes fortes e pessoas mascaradas por todos os lados. A anestesia na coluna é uma das piores coisas que já experimentei na vida, colocaram sonda, colocaram um lençol na frente e pronto. Me amarraram os braços, um lado medindo a pressão e batimentos cardíacos e o outro soro. Me senti enjoada, me deram um remédio, mas fiquei com um mau estar o tempo todo. Olhando para cima deu para ver quando eles começaram a me cortar. Fiquei ali no meio de estranhos, a única pessoa que conhecia era minha médica, não tinha direito a acompanhante. Senti uma pressão muito forte e uma falta de ar. Escutei a pediatra (que foi médica do pai dele) dizendo ''nossa é a cara do pai dele'' e eu nem tive noção do momento que ele nasceu. O choro veio depois, demorou um tempo para me mostrarem, vi ele chorando histérico, assustado e levaram ele. Depois daqueles exames pude ver ele e dar um beijinho. Levaram ele de novo, fui escutando seu chorinho indo embora e chorei. Mas chorei porque não tinha sido assim que imaginei nosso primeiro encontro, nosso primeiro contato foi desse jeito. 

Me costuraram, deixaram em uma sala sozinha por mais de uma hora e fui para o quarto. Ele já estava de banho tomado com a roupinha que separei semanas antes, não consegui pegar ele no colo, não consegui amamentar direito, não tinha posição. Quando escuto alguém falando que não se arrepende de ter tido um parto assim e teria outro eu realmente não entendo. Algumas pessoas negativas ficavam me falando que eu não ia aguentar a dor, como se cortar várias camadas da minha pele, levar sei lá quantos pontos e ter um resguardo doloroso fosse mais fácil.

Esse era um dos momentos mais mágicos da minha 

                                                        vida, meu milagre e roubaram isso de mim.



Então é isso, desculpa o desabafo. Não sou contra a cesárea de forma nenhuma, pois ela salva muitas vidas, minha indignação é quando a mulher quer ter de forma normal e as pessoas a acham louca por isso. Fazem de tudo para mudar sua ideia. 






Um comentário

  1. Oi Mari, fiquei surpresa com seu post. E de certa forma lhe entendo.
    Minha mãe teve duas cesarianas, a primeira por necessidade, pois eu estava enforcada no cordão umbilical. Enquanto minha tia tinha de certa forma a necessidade de fazer cesariana, e quis aos últimos o parto normal, e graças a Deus deu tudo certo.
    Os médicos muitas vezes deixam de entender e escutar o lado do pacientes.
    E sim, eu sei que eles muitas vezes fazem isso para salvar vidas. Mas não todas as vezes.

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